Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
Antigo ditado que pode dizer muita coisa ou, até mesmo, não
dizer nada.
Acredito que a água seja a vida e a pedra sejamos nós.
A vida molda.
A vida fere.
A vida ensina...
Sempre me preocupei muito em traçar uma vida digna.
Vida digna não quer dizer para mim ter um monte de luxos,
prazeres ou confortos exorbitantes ou mesmo destaques mirabolantes.
Minha vida digna se resumia - ao meu ver -, em poder viver.
Viver sem irritações fúteis, tentar melhorar o ambiente ao
meu redor, ser justo, amar, ser amado e tentar seguir linhas básicas - muitas
delas ideológicas - para manter um relacionamento igualitário entre os que me
rodeiam.
Sempre me rendi às leis.
Sempre entendi que se elas existem são para serem seguidas.
Ninguém as criou por acaso.
Claro, temos muitas dificuldades.
Dificuldades que nos impedem de segui-las à risca, porém,
isso não é motivo para se pautar como desculpas e com prazer burlá-las.
Entendo que para o que não conseguimos cumprir de forma
correta, temos todo o direito e obrigação de corrigir - prioritariamente - tão
logo haja oportunidade.
Nesse sentido, nesses últimos tempos, me deparei com um
monte de pendências que tenho para comigo mesmo.
A principal delas, recuperar o melhor de mim que vem se
perdendo no tempo há algum tempo.
Me olho e vejo o quanto mudei.
Em partes, adquiri alguma coisa boa, mas, por outro lado,
perdi muito do melhor de mim mesmo e entendendo não ter sido uma prova
vantajosa.
De tudo o que dei, pouco sei que possa ter valido para
alguém em especial, porém, do que me foi dado, nem tudo o que assimilei me
serviu para edificar o meu eu, mas sim para me fazer um pouco mais frio,
insensível e, até, estranho a mim mesmo.
Como humano reconheço a minha falha em não ser mais incisivo
nos momentos de defender minhas posturas.
Lamento o fato de me permitir abraçar àquilo que não me
pertencia e que não fazia parte do meu eu.
Hoje busco me redesenhar.
Me refazer.
Me reencontrar e seguir o meu caminho, uma vez que eu bem
sei onde devo pisar e como devo caminhar, pois, devagar, também é pressa e nos
leva até onde pretendemos chegar.
Me orgulho da minha sensibilidade, do meu senso de justiça,
hora e proteção... da minha visão alongada do que há por vir, do meu
desprendimento em fazer brilhar o sinal de alerta para os que eu quero bem,
mesmo que esses muitas vezes insistam em não enxergar.
Me orgulho de ser quem eu sou sem querer julgar nada e
ninguém, mas sim em focar no que cada ação pode influenciar em minha vida, de
forma a me proteger dos percalços, pois, quando a água bate forte... aos poucos
ela desbasta, não custa nada proteger.
Quando nos lapidamos, infelizmente, não só o excesso é
retirado, vai com isso um pouco da essência, nos deixando, às vezes,
irreconhecíveis para nós mesmos.
Hoje identifico os erros, hoje, consigo ver cada falha e
entender cada ponto falho - inclusive os meus - nessa saga de viver.
Sou grato a Deus por ter me premiado com uma boa dose de
discernimento e imparcialidade, pois isso me faz crescer e praticar o divino
ato de ser humilde, de identificar e assumir os meus erros.
E é isso que tenho que manter e aprimorar, sabendo que nem todos
tem a mesma sorte e que, todos, de uma forma ou outra, buscam evoluir.
Todos, em algum ponto da vida, conseguem entender que cabe a
cada um tratar de ser melhor... de aprimorar, crescer.
Cá estou eu fazendo a minha parte.
Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura... não
convém ficar à mercê do tempo, é melhor a gente se render e se moldar... dói menos depois.
FOI DITO E PRONTO!