"Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu
vivi!"
Pois é, eis-me aqui fazendo a contabilidade da vida.
Não faço isso buscando identificar possíveis lucros ou
prejuízos, mas faço muito mais para entender ao certo onde estou investindo o
presente divino do tempo que Deus me proporcionou para viver.
Não estou utilizando nenhuma fórmula extraordinária para
fazer essa apuração, foquei apenas nas quatro operações básicas da matemática.
Nessa contabilidade não preparei também a classificação de
ativos e passivos, enfim, não busco identificar o patrimônio líquido, temendo
identificar prejuízos.
Comecei pelas adições.
A vida me adicionou amigos aos quais posso chamar de irmão e
irmãos, que mesmo sem perceber, se somaram à lista de amigos.
Somei alguns amores e desilusões, pontuei alguns desafetos,
ganhei bastante experiência, uma incômoda careca e muitos cabelos brancos.
Somou-se à vida um filho lindo, que presente que Deus me
deu!
Aumentou meu rol de admiradores e de pessoas que nunca me
compreenderam, mas desse muitos que também se elencaram à lista dos que me
respeitam.
Ganhei da vida momentos extra, que me fizeram vê-la de forma
diferente, enfim, fatalidades ocorrem nem sempre para nos dar prejuízos, mas
sim para acrescentar uma nova visão no jeito de viver.
Prazeres foram inúmeros, se tivesse que classificá-los e
mencioná-los, ficaria um tempão me lembrando deles com muito orgulho.
Ganhei sobre tudo uma história de vida que se escreve a cada
dia com desafios e crescimento pessoal.
Foi somada à minha vida seguidores, críticos, fãs (olha...
tenho fãs) e um monte de desafetos que se coçam quando me veem, pena que grande
parte, faça parte da lista de gente falsa, pois não consegue chegar, me encarar
e conversar sobre o motivo do seu desafeto, mas para esses eu nem ligo... é o
saldo positivo para a lista de negativos da vida.
Ganhei da vida o dom de me conformar, pois na linha de
aprendizado, veio-me a lição de saber parar, olhar para trás e entender que
toda ação gera uma reação e que elas não se equiparam em dimensão. Fazem parte
do foi feito e pronto pois mereceu, só resta conformar.
Olhando para o que perdi:
Perdi muitas oportunidades de fazer uma vida diferente.
Chances (isso sim dói, mas não me arrependo) de estar em
outros lugares, fazendo outras coisas e, quiçá, vivendo um outro estilo de
vida... mas nunca é tarde, outras chances para outros desafios sempre aparecerão.
Subtraí da vida um casamento e com ele a preocupação de
estar insistindo em algo que não tinha mais recursos para solucionar e que
faziam infeliz pessoas pelo qual tenho muito carinho e consideração.
Perdi também muitos dos amigos que ganhei, pois não
conseguiram se manter como tal dentro das propostas que me permitiram
elencá-los nesse grupo.
Perdi fisicamente, amigos e entes queridos, que a vida levou
precocemente e que poderiam estar hoje somando muito à coluna de adições de
carinho, prazer, confiança, segurança e até de diversão.
Perdi bastante dinheiro, mas esse não faz diferença, pois na
minha contabilidade da vida, não é ele que vale o quanto pesa.
Perdi a fé em muitas coisas que eu acreditava, mas jamais
deixei de ter fé em Deus, essa, graças a Ele, só aumenta a cada dia e a cada
novo desafio.
Já perdi muito a paciência, ainda bem que logo eu a encontro
através de posturas serenas e de concentração.
Subtraí da vida a confiança em muitos que me rodeavam, pois
infelizmente, percebi que esses não mereciam.
Gostaria de perder algumas manias e alguns vícios mas ainda
não consegui motivos plausíveis para subtraí-los da minha vida.
A única tristeza das perdas da vida: Foi a perda de tempo,
poxa, perdi muito e penso nisso.
Multipliquei bons sentimentos.
Multipliquei, e ainda multiplico e divido, opiniões, forma
de pensar e avaliar a vida.
Multipliquei experiências que ganhei e vivi, sempre dando
exemplos reais de situações vividas.
Multipliquei fotografias e momentos marcantes para muitos
que me rodeiam, e hoje, muitos percebem o quanto foi importante esse processo.
Multipliquei conhecimentos, paixões, esperanças, autoestima
e coragem, para poder dividir com os que me rodeiam sem a menor economia nessa
passagem.
Dividi algumas coisas, mas confesso que não é o que me deu
os maiores prazeres.
Hoje divido minha vida com outro alguém, que sei que me quer
bem e que aproveita tudo o que divido, coisas boas e, infelizmente, até coisas
ruins, pois para me mandar de volta também é rapidinho.
Já dividi carona pelas estradas da vida, mas, isso não foi
nada, perto do tempo vida que já dividi para, na estrada da minha vida dar
carona para tanta gente.
Mas tudo bem, no final das contas acho que nessa passagem
nunca fomos muito distante e nunca chegamos a ponto algum, basicamente não
saímos do lugar... andamos em círculos.
Hoje divido um teto, mas confesso que não vejo a hora de
poder gritar para o mundo que adicionei em minha vida o meu cantinho para viver
e morar.
Já dividi muito conhecimento, aprendizado, carinho, atenção
mas sempre somando experiências na linha da vida. Não reclamo jamais.
Já dividi sensações, emoções, choros, carinho, atenção e
muita mensagem de auto ajuda e esperança, que a vida me presenteou no dia-a-dia
com o aval para passar pra frente sempre que achasse necessário.
Já dividi muitas dúvidas... já dividi muito a minha vida.
Bom, vou parar por aqui essa contabilidade, mas já deu para
expor um pouquinho do balanço que tende a continuar por esse restinho de vida
que Deus possa me permitir viver.
Bem sei que não terei mais a oportunidade de fazê-lo e,
quando chegar a hora, o balanço da minha vida será avaliado, discutido e contabilizado,
por todos os que me rodeiam ou rodearam... apenas na hora da morte... apenas
nas homenagens póstumas.
Assim sendo:
"Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu
vivi!"