domingo, 18 de fevereiro de 2018

Na saúde e na doença

Tudo começou com uma leve tontura, que com o tempo foi aumentando.
Os embaçamentos de visão, levavam a crer que tudo provinha de algum aumento na deficiência visual.
Nada que um oftalmologista não resolvesse prática e rapidamente.
Mas, repentinamente, as dores de cabeça aumentaram e apertavam à nuca e, após um desmaio e encaminhamento para a urgência hospitalar, veio o veredito:
Pressão alta!
Altíssima.
Desde então a vida mudou.
Todos os dias, desde o café da manhã até a hora de dormir, não podia faltar (e não faltava mesmo) o remédio.
Dirigir passou a ser algo arriscado no começo.
Andar a pé, que era tortura, passou a ser o meio de locomoção mais utilizado - ainda que acompanhado no começo - para me deslocar sem ter que me incomodar com a proibição familiar de acesso ao volante do veículo em trânsito.
No meio dessa reviravolta, coisas novas aconteceram.
Ela, a companheira de todos os momentos, sempre foi a primeira a aparecer em todas as cenas.
Era para ela que eu reclamava as zonzeiras.
Foi a primeira a ouvir relatos dos embaços de visão e a "chata" que me cobrava, todos os dias, uma ida ao oftalmologista.
Ela era quem aguentava as minhas reclamações de dores de cabeça e o meu mau humor natural de quem está debilitado.
E foi quem fez um estardalhaço, pedindo socorro, tirando o carro, pegando documentos e me amparando até o hospital sem pestanejar um minuto, acompanhando atentamente todos os exames e medicações inerentes.
Ela que, por zelo, se dispôs a me acompanhar no novo estilo de vida, caminhando horas e horas esse tempo todo, fosse para ir ao supermercado e voltar com incômodas sacolas de compras ou para irmos à igreja, como casal de namorados, cumprir nossa parte com a vida... com Deus e até na mudança de hábitos alimentares, abrindo mão de gorduras e frituras que tanto adorava e na preparação de nossas refeições .
No meio dessas coisas novas, posso destacar a diminuição do colesterol, pois além das caminhadas, os novos hábitos alimentares e horas de sono bem dormidas - talvez pelo cansaço das caminhadas - e o controle da pressão.
No meio do caos, bons momentos vivemos e qualidade de vida foram adquiridas.

Mas hoje ela padece.
Evidencia uma incômoda perda de memória.
Mal consegue planejar coisas para as quais era tão ávida.
Apresenta-se toda perdida no tempo e espaço e eu, fazendo juz ao acordo de vida que fizemos, na minhas idas e vindas com ela em busca de entender o que ocorre, acabei por receber o diagnóstico de que ela está com Alzheimer.
Estarei com ela em todos os momentos amparando e vivendo essa doença junto.
Assim como ela o fez em meu momento.
A uma única tristeza que me abala e me faz perder o chão.
Nem é o fato de amanhã ou depois ela não se lembrar de mim como pessoa.
Mas o fato de amanhã ou depois, ela se esquecer de mim como o parceiro dela.
Como aquele que ela se preocupava e cuidava e, logicamente, como sendo eu aquele que sempre se preocupou e hoje cuida dela.
Mas companheirismo é isso, né?
Se estamos juntos, juntos iremos até o fim, pois cumplicidade na vida, não tem espaço para exceção. Quem tem cuida e, apesar dos filhos e netos, ela foi e sempre será a única que esteve comigo do começo ao fim.
Independente de para quem a história termine primeiro.
#FoiDitoePronto

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Happy Valentine's Day

http://foiditoepronto.blogspot.com.br/



O tempo passou.

Já se vão anos.

Perfeitos.

Assim dizem, mas, cá entre nós, assumimos mais sermos comprometidos.

Foto by Talita Santos
No começo houve quem achou ser fogo de palha, quem julgou, julgou, apontou o dedo, falou o que quis.

Quem se esqueceu que o mundo dá voltas e que, se não tiver maturidade para dizer certas coisas é melhor ficar quieto e deixar para concluir depois e, pior que isso, passou por situação muito parecida... ou até muito mais contundente.

Há quem nos adora juntos.

Há quem se incomoda.

Mas, há entre nós uma linha de respeito e conduta que, particularmente, acho que todo ser humano deveria ter!

Posso estar errado (e muito) mas é o que eu acredito ser certo.

Há quem se incomoda com minha presença ao lado dela e vice e versa, mas, respeito!

Se não gosta de mim, ou se não gosta de eu estar com ela, é um detalhe imutável, uma vez que estamos juntos em comum acordo, sem pressões e por bem-querer, já que um para o outro, somos necessários (ou até essenciais).

O que acontece ao deparar com isso?

Conversamos, deixamos claro que agiremos diferentes com determinadas pessoas - as cumprimentaremos por educação (isso não se pode negar que temos) mas não ficaremos "fazendo sala".

Se for preciso, até sairemos de perto, para não delimitar a liberdade de expressão ou o relacionamento interpessoal de cada um.

Muitas vezes, até por respeito a esses relacionamentos, se sentimos que não nos sentiremos bem (regra válida para ambas as partes) entendendo que é um evento importante para o outro, uma das partes acaba se ausentando.

Não é legal termos que ficar explicando ou criando "desculpas", muitas vezes necessárias, ou para justificar a ausência da outra parte.

Está tudo bem!

Faz parte do que entendemos ser necessário para o nosso bem comum.

Se as pessoas não entendem... aí sim nasce um problema: delas!

Para nós não há problema algum. Isso já está muito bem resolvido há muitos anos.

Há... e, para constar, tudo o que destaco nesse texto, vale - é praticado e aplicado - para ambas as partes.

O mal maior já está naturalmente consistido.

Não cuidamos da vida de ninguém - além das nossas - e não "curtimos" que cuidem da nossa, além de nós mesmos. Damos muito bem conta disso (ao menos assim acreditamos e tem funcionado até hoje: santo diálogo), caso contrário, não estaríamos juntos a tantos anos.

Por conta disso, ninguém vem nos falar o que quer que seja sobre nós, até porque não damos esse espaço ou essa liberdade.

Claro, sabemos que há "buzuzu", mas não há diz que disse.

Tem um tal de limite, claramente declarado e reconhecido entre nós, que respeitamos na risca.

Se damos um passo além, sentamos, conversamos, discutimos, brigamos se for preciso, mas consistimos.

Exemplo?

Estamos longe de ser!

Mas podemos servir como ponto de observação, como bem sabemos o ser, até mesmo para a torcida contrária.

Claro, que observam outros lados e outros detalhes, mas, se se prestassem a observar detalhes sobre a harmonia que nos cerca, com certeza, sobraria alguma coisa para que um ou outro (que nos segue na vida real) tivesse alguma coisa melhor em sua existência e convivência a dois.

Creio - e aí eu falo por mim e observando do meu lado nessa história - que vivemos o relacionamento mais real, claro e comprometido dentre os que já tivemos.

E essa é a diferença da história.


Happy Valentine´s Day!