quinta-feira, 28 de outubro de 2021

VIVAMOS NOSSO QUILOMBO

Por conta de um trabalho que estou desenvolvendo, precisei me aprofundar um pouquinho em alguns pontos  da história.

Dei uma parada nesse momento para organizar os pensamentos.

Vamos lá!

Dois fragmentos de definições que peguei da Wikipédia, para ilustrar esse texto:

QUILOMBO POR DEFINIÇÃO

1. "Os quilombos, no passado, constituíram-se em locais de refúgio de africanos escravizados e afrodescendentes em todo o continente americano."

2. "O termo quilombo tem assumido novos significados na literatura especializada e também para grupos, indivíduos e organizações. Ainda que tenha um conteúdo histórico, o mesmo vem sendo ‘ressemantizado’ para designar a situação presente dos segmentos negros em diferentes regiões e contextos do Brasil."

Veja em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Quilombo


Na verdade, chega a ser atenuante querer pregar que o Quilombo é um espaço ocupado por negros, ainda que fossem a maioria, não era esse o único povo a ali estar.

Havia índios, brancos, mestiços, etc. à visão da época.

Dada à perseguição, fases de libertação e condições que lhes impunham vulnerabilidades diversas, os negros eram os que tomavam frente e se organizavam a fim de se proteger, mas, a história conta que não eram seletivos ou exclusivistas quando o assunto era etnia, mas sim à vulnerabilidade do cidadão que o buscava.

Bom, antropologia à parte, penso nos tempos atuais em relação à antiga realidade vivida.

Muitos sabem o quanto me incomoda uma prática antiga que parece ter contaminado toda uma sociedade de geração a geração: A SEPARAÇÃO DAS SEMENTES.

É incrível como a gente consegue se separar, se distanciar e até evitar saber, por onde caíram as sementes da mesma árvore que a nossa. Falo aqui de genealogia... de parentescos...

Lá atrás o povo era separado nos navios, nos portos, em fazendas diferentes, misturados outros negros de outras regiões da África muito distantes da sua, e ainda que do mesmo continente... com outras línguas, culturas, e, num passado mais recente, se separaram por guerras, ultimamente muitos tem se separado pela fome, por doenças e assim por diante.

Ainda vemos alguns exemplos e relatos de separados - ainda focando na história mais recente - que, apesar da distância e da dificuldade, buscam encontrar os seus. Buscam estar perto de suas ancestralidades e preservar suas culturas, sempre que aparece a menor oportunidade possível de fazê-lo.

Com exceção dos agraciados por leis que os tornavam libertos, mas sem recursos financeiros, os demais, invariavelmente, eram fugitivos e/ou procurados por qualquer outro motivo mas, sempre, protegidos pelas fortalezas dos quilombos.

A sociedade hoje não mudou muito no contexto geral dessa prática.

Não é por não ser negro que a pessoa não está aquilombada.

Quantos são os que tiveram que migrar para a periferia. Reaprender a viver, a se socializar e a respeitar as regras do seu novo habitat?

Em alguns cantos chamam de favela, em outros de comunidade, em outros de residencial, em outros de bairro e, seja lá qual for a forma que o chamam, se olhar direito, há de se perceber que se está em um ponto distante da "sociedade" e do ponto gerador de finanças e oportunidades, dependendo da boa vontade, do reconhecimento, do respeito e do senso comunitário dos seus vizinhos.

Vivendo em um lugar onde há muita história do tempo que não se tinha nada, estruturalmente dizendo-se, e que foi evoluindo, a criminalidade diminuindo, o atendimento das necessidades sociais chegando e o espaço "se valorizando".

Por falta de resistência, pois alguns tem a oportunidade de sair dali para um lugar mais confortável, enquanto outros se aventuram em vender tudo e recomeçar em outro ponto, no espaço que vai se transformando, os pseudo ricos vão chegando, pois daí entendem que dá para ali se alojar e o espaço está se valorizando, configurando em um bom negócio. Daí o povo se sentindo em franca evolução... se acomodando, sentindo-se seguro, confortável sem perceber, lá no fundo, a ponta de saudade de personagens importantes na história que já não estão mais ali.

Sem perceber que agora, suas poucas economias que poderiam e deveriam ser circuladas entre os seus, passa a ser injetada em empresas, produtos e bens de consumo oferecidas pelas grandes - e quando não gigantes - do mercado que se estabeleceram na proximidade... no terreno de alguém que preferiu se arriscar em outro espaço e observou ganhos financeiros na transação oferecida, sem se incomodar com tudo mais que estaria sendo comprado, da história que ali se criava.

Para resumir, pois acredito ter que descrever melhor essa fala em outro momento.

Todos vivemos em um Quilombo.

 

Reunião Comunitária

O nosso quilombo começa em nossa casa, em nosso lar, onde aprendemos e ensinamos aos nossos as lições que nos dão segurança para continuar a viver... onde protegemos os nossos dos perigos e riscos que vem do além muro... onde nos preocupamos com o bem estar dos nossos amigos e vizinhos, sempre tentando ajudar a dar um conforto.

O nosso quilombo está em nosso bairro, onde no passado brigamos pelo asfalto, pela água encanada, pela construção de uma creche, pela chegada de ônibus coletivo até a gente... onde nos preocupamos em ter um posto de saúde, escola e tudo mais que configura a necessidade básica para ali continuarmos a viver.

No nosso quilombo, muitas vezes nós não produzimos, não chegamos  a criar, sequer, uma horta comunitária, mas, nos comovemos, nos unimos e nos apoiamos para ajudar o outro que passa fome... que está doente, precisando de uma palavra amiga ou qualquer outro socorro que nos seja possível dar.

Temos que aprender a ser resistência.

A preservar a nossa história.

A buscar nossas sementes, reuni-las e tratar para que nosso pomar jamais pereça às pragas e ervas daninhas, ou se destrua com as adversidades - que não são da natureza - que entendemos serem inerentes às condições que nos são impostas e aceitamos como "legais".


"UM DIA NOSSO POVO FOI TIRADO DO QUILOMBO, MAS O QUILOMBO JAMAIS SAIU DE DENTRO DO NOSSO POVO!"

AQUILOMBEMO-NOS!


domingo, 28 de junho de 2020

UM OLHAR PELA VIDA

Olá!

Antes de qualquer coisa confirmo: “Sim... ando sumido!

Optei por me afastar um pouco de muita coisa nesse momento de pandemia.

Empresa | Masimpex

Algumas pelo cuidado com o risco físico e outras porque colocavam em risco minha saúde mental.

É bem verdade que está difícil, principalmente no tocante à saúde mental, viver com tanta tragédia e fatalidade ocorrendo, enfim, o mundo gira, a vida segue e vidas se vão.

Tenho me dedicado em ajustar o meu “olhar pela vida”... a minha visão do tudo como um todo e também em sua essência.

A morte tem sido uma consequência ativa ao menor deslize.

Nem precisa abusar, basta um pequeno descuido e mais que nunca ela vem e leva alguém.

Um momento delicado em que as forças do universo tiraram para nos mostrar que não temos o domínio de tudo. Que mesmo sendo em nosso planeta os representantes da raça mais evoluída, conseguimos nos abster do fim.

Em algum momento tudo acaba e hoje, um simples toque, contato e/ou aproximação é suficiente.

Eu tenho certeza de que é totalmente desatualizada a minha lista de amigos e conhecidos que sucumbiram a essa força.

Não conheço as histórias. Sei que nem só por conta da pandemia muitos tem partido, mas, sobretudo, sei que, seja lá por que motivo for, nunca em minha vida vi tanta gente morrendo em um período tão curto de tempo.

Assim também como não vi tantas pessoas adoecendo – também não só pelo motivo de maior atenção no mundo hoje – e reclamando os mais diversos tipos de problemas aliados ao temor de buscar ajuda médica e se expor à crise viral ativa.

Não tem como alguém querer firmar que “tudo vai passar e logo estaremos juntos”.

Quem seremos esses que estaremos juntos?

Nem mesmo quem fala pode garantir isso, seja pelo lado ou pelo outro.

Por mais cuidado que tomemos estamos todos expostos e, em muitos casos, vulneráveis.

Mais do que nunca vale a frase: “Cuide de sua vida!

Mais do que nunca é verdadeiríssima a frase: “Por que a morte é certa.

Assim como a máxima é verdadeira: “Quem tem cuida...

Vamos tentar olhar essa vida de forma diferente.

Vamos tentar entender melhor o que está acontecendo ao nosso redor e com os nossos.

Muitos estão pagando com a vida, estão virando saudade, mas, sobretudo, estão deixando uma história, experiências vividas e dores sentidas no corpo.

Isso tem que valer para alguma coisa.

Tem que valer para nos mostrar que alguns hábitos devem ser cortados e/ou evitados.

As melhores frases de despedida

Que hoje podemos ser muito queridos e apreciados, mas na hora do último adeus, uma minoria poderá estar presente seja lá pelo motivo que for, mas, com certeza, um deles, será o medo. O medo afastará as pessoas nesse momento culturalmente tão valorizado na vida do brasileiro.

Assim como outros, mais distantes ou compromissados, ficarão apenas com a dor da última vez... Dor causada pelo prazer (sim, dor oriunda do prazer) da última vez que se encontraram e puderam desfrutar de um espaço de tempo da vida, pois, faltará tempo, para chegar em tempo e deixar um adeus.

Ou faltará espaço na limitação de acesso para poder se despedir.

Não precisamos disso.

Não merecemos isso!

Busquemos evitar isso ao máximo possível, pois essa cena, quem vive, com certeza não esquecerá jamais.

Pior ainda é lembrar que aquele amigo querido que há poucos dias atrás estava conosco, sucumbiu à crise viral e, de quebra, ficar alimentando o pavor de também poder ter contraído o vírus, fazer parte das classes assintomáticas, sintomáticas e outras “máticas” que nos coloca como vítima, vetor, ativo, passivo e outras classificações que só servem para nos alertar que somos do “grupo de risco” para outras pessoas.

Vejamos a vida por outro prisma.

Sejamos mais sensíveis e reais.

Vamos dar mais valor ao todo e a tudo o que os que vão estão nos deixando como alerta.

São muitas histórias cujo fim começa em dado ponto que se a gente quiser, consegue identificar e observar a sua trajetória.

Sair de casa vamos mesmo... para o que sentirmos ser preciso e que, nessa relação, são esteja encontrar o amigo para colocar a fofoca em dia.

Mas, se vamos fazê-lo, que o façamos com segurança, com distanciamento seguro e higienização necessária.

Lembrando que onde você encosta e onde você toca, com certeza alguém também se encostou ou tocou.

Lembrando que aquele amigo que não apresenta sinais nenhum de doença, poderá dentro de poucos dias apresenta-los (me referindo especificamente ao COVID) e, talvez, por ainda não ter evoluído, naquele momento do seu encontro e pela falta dos devidos cuidados, ter te contaminado e você contaminado mais gente e assim dado sequência à linha de proliferação.

Bom.

Desnecessário também eu ter que ficar aqui me lamentando.

Voltarei para o meu mundo particular, tomando os cuidados e sabendo que corro imenso riscos e torcendo, para que muitos se safem... que muitos não sejam novidade na lista que repercute virtualmente dos que estão partindo.

Ahhhh meu sumiço se dá sobretudo por isso.

“Muito me chateia ver pelas redes sociais o anúncio diário de pessoas que se vão”.

É muita gente.

Nem só por Covid. Tem muitos por outros motivos, mas, ainda assim em número muito maior do que o costumeiro num passado recente.

Fica o convite: “Vamos mudar o olhar pela vida, entender melhor as mensagens deixadas no pós morte e evitar as armadilhas do universo”.

#ficaemcasa #usamáscara #lavaasmãos #usaálcool #vivaavida

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Na saúde e na doença

Tudo começou com uma leve tontura, que com o tempo foi aumentando.
Os embaçamentos de visão, levavam a crer que tudo provinha de algum aumento na deficiência visual.
Nada que um oftalmologista não resolvesse prática e rapidamente.
Mas, repentinamente, as dores de cabeça aumentaram e apertavam à nuca e, após um desmaio e encaminhamento para a urgência hospitalar, veio o veredito:
Pressão alta!
Altíssima.
Desde então a vida mudou.
Todos os dias, desde o café da manhã até a hora de dormir, não podia faltar (e não faltava mesmo) o remédio.
Dirigir passou a ser algo arriscado no começo.
Andar a pé, que era tortura, passou a ser o meio de locomoção mais utilizado - ainda que acompanhado no começo - para me deslocar sem ter que me incomodar com a proibição familiar de acesso ao volante do veículo em trânsito.
No meio dessa reviravolta, coisas novas aconteceram.
Ela, a companheira de todos os momentos, sempre foi a primeira a aparecer em todas as cenas.
Era para ela que eu reclamava as zonzeiras.
Foi a primeira a ouvir relatos dos embaços de visão e a "chata" que me cobrava, todos os dias, uma ida ao oftalmologista.
Ela era quem aguentava as minhas reclamações de dores de cabeça e o meu mau humor natural de quem está debilitado.
E foi quem fez um estardalhaço, pedindo socorro, tirando o carro, pegando documentos e me amparando até o hospital sem pestanejar um minuto, acompanhando atentamente todos os exames e medicações inerentes.
Ela que, por zelo, se dispôs a me acompanhar no novo estilo de vida, caminhando horas e horas esse tempo todo, fosse para ir ao supermercado e voltar com incômodas sacolas de compras ou para irmos à igreja, como casal de namorados, cumprir nossa parte com a vida... com Deus e até na mudança de hábitos alimentares, abrindo mão de gorduras e frituras que tanto adorava e na preparação de nossas refeições .
No meio dessas coisas novas, posso destacar a diminuição do colesterol, pois além das caminhadas, os novos hábitos alimentares e horas de sono bem dormidas - talvez pelo cansaço das caminhadas - e o controle da pressão.
No meio do caos, bons momentos vivemos e qualidade de vida foram adquiridas.

Mas hoje ela padece.
Evidencia uma incômoda perda de memória.
Mal consegue planejar coisas para as quais era tão ávida.
Apresenta-se toda perdida no tempo e espaço e eu, fazendo juz ao acordo de vida que fizemos, na minhas idas e vindas com ela em busca de entender o que ocorre, acabei por receber o diagnóstico de que ela está com Alzheimer.
Estarei com ela em todos os momentos amparando e vivendo essa doença junto.
Assim como ela o fez em meu momento.
A uma única tristeza que me abala e me faz perder o chão.
Nem é o fato de amanhã ou depois ela não se lembrar de mim como pessoa.
Mas o fato de amanhã ou depois, ela se esquecer de mim como o parceiro dela.
Como aquele que ela se preocupava e cuidava e, logicamente, como sendo eu aquele que sempre se preocupou e hoje cuida dela.
Mas companheirismo é isso, né?
Se estamos juntos, juntos iremos até o fim, pois cumplicidade na vida, não tem espaço para exceção. Quem tem cuida e, apesar dos filhos e netos, ela foi e sempre será a única que esteve comigo do começo ao fim.
Independente de para quem a história termine primeiro.
#FoiDitoePronto

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Happy Valentine's Day

http://foiditoepronto.blogspot.com.br/



O tempo passou.

Já se vão anos.

Perfeitos.

Assim dizem, mas, cá entre nós, assumimos mais sermos comprometidos.

Foto by Talita Santos
No começo houve quem achou ser fogo de palha, quem julgou, julgou, apontou o dedo, falou o que quis.

Quem se esqueceu que o mundo dá voltas e que, se não tiver maturidade para dizer certas coisas é melhor ficar quieto e deixar para concluir depois e, pior que isso, passou por situação muito parecida... ou até muito mais contundente.

Há quem nos adora juntos.

Há quem se incomoda.

Mas, há entre nós uma linha de respeito e conduta que, particularmente, acho que todo ser humano deveria ter!

Posso estar errado (e muito) mas é o que eu acredito ser certo.

Há quem se incomoda com minha presença ao lado dela e vice e versa, mas, respeito!

Se não gosta de mim, ou se não gosta de eu estar com ela, é um detalhe imutável, uma vez que estamos juntos em comum acordo, sem pressões e por bem-querer, já que um para o outro, somos necessários (ou até essenciais).

O que acontece ao deparar com isso?

Conversamos, deixamos claro que agiremos diferentes com determinadas pessoas - as cumprimentaremos por educação (isso não se pode negar que temos) mas não ficaremos "fazendo sala".

Se for preciso, até sairemos de perto, para não delimitar a liberdade de expressão ou o relacionamento interpessoal de cada um.

Muitas vezes, até por respeito a esses relacionamentos, se sentimos que não nos sentiremos bem (regra válida para ambas as partes) entendendo que é um evento importante para o outro, uma das partes acaba se ausentando.

Não é legal termos que ficar explicando ou criando "desculpas", muitas vezes necessárias, ou para justificar a ausência da outra parte.

Está tudo bem!

Faz parte do que entendemos ser necessário para o nosso bem comum.

Se as pessoas não entendem... aí sim nasce um problema: delas!

Para nós não há problema algum. Isso já está muito bem resolvido há muitos anos.

Há... e, para constar, tudo o que destaco nesse texto, vale - é praticado e aplicado - para ambas as partes.

O mal maior já está naturalmente consistido.

Não cuidamos da vida de ninguém - além das nossas - e não "curtimos" que cuidem da nossa, além de nós mesmos. Damos muito bem conta disso (ao menos assim acreditamos e tem funcionado até hoje: santo diálogo), caso contrário, não estaríamos juntos a tantos anos.

Por conta disso, ninguém vem nos falar o que quer que seja sobre nós, até porque não damos esse espaço ou essa liberdade.

Claro, sabemos que há "buzuzu", mas não há diz que disse.

Tem um tal de limite, claramente declarado e reconhecido entre nós, que respeitamos na risca.

Se damos um passo além, sentamos, conversamos, discutimos, brigamos se for preciso, mas consistimos.

Exemplo?

Estamos longe de ser!

Mas podemos servir como ponto de observação, como bem sabemos o ser, até mesmo para a torcida contrária.

Claro, que observam outros lados e outros detalhes, mas, se se prestassem a observar detalhes sobre a harmonia que nos cerca, com certeza, sobraria alguma coisa para que um ou outro (que nos segue na vida real) tivesse alguma coisa melhor em sua existência e convivência a dois.

Creio - e aí eu falo por mim e observando do meu lado nessa história - que vivemos o relacionamento mais real, claro e comprometido dentre os que já tivemos.

E essa é a diferença da história.


Happy Valentine´s Day!